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ANGOLA: "NÃO BRINQUE COM O POVO QUE ESTÁ A PASSAR FOME"
Em entrevista à DW, analista diz esperar que autoridades angolanas empreguem "força letal" para conter futuras agitações, mas acredita que a juventude não irá deixar de sair às ruas.
Por Miguel Filho
Publicado em 07/08/2025 20:29
ACTUALIDADE
Florindo Chivukute: © Julio Pacheco Ntela/AFP

Por Nádia Issufo

A reunião do Conselho Nacional de Segurança de Angola, no contexto dos distúrbios que o país viveu recentemente, deixou no ar um "Q" de intimidação. O pronunciamento das autoridades não deixou dúvidas sobre a possibilidade de aplicação de medidas draconianas, se o povo voltar às ruas para um ambiente de caos.

O Conselho Nacional de Segurança de Angola é um órgão de consulta do Presidente da República para assuntos de segurança nacional, assuntos relativos às Forças Armadas, à polícia e outros organismos responsáveis por garantir a ordem no país.

O diretor da ONG Friends of Angola acha que as ameaças estão longe de dissuadir uma juventude esfomeada e desempregada que "não tem nada a perder" e que não tem dívidas com narrativas independentistas. Em entrevista à DW, Florindo Chivukute, que dá primazia ao diálogo e lembra que "violência gera violência".

DW África: O Presidente João Lourenço reuniu, na terça-feira o Conselho Nacional de Segurança no contexto dos distúrbios que o país viveu recentemente. O Conselho de Estado deveria ter sido o primeiro a ser convocado, em vez do Conselho de Segurança?

Florindo Chivukute (FC): Para ser honesto, eu não sei qual é a ordem que devia funcionar em função dos tumultos que nós na semana passada. Mas se me permitir, o mais sensato seria após a chegada do Presidente, mesmo antes de o Presidente chegar em Angola, seria endereçar a nação o mais rápido possível para evitar que excessos tanto de um como outro - com discurso conciliatório a chamar a atenção a todos os lados, a todos os envolvidos, para além do direito que têm, de um lado os taxistas de manterem a greve, mas do outro lado as forças da polícia, para evitar excessos.

DW África: Esta reunião com o Conselho de Segurança deixa antever medidas draconianas depois já dos excessos da polícia durante os protestos?

FC: Sim, sem sombra de dúvida. O comunicado, na verdade, não toma forma explícita, fala em medidas draconianas. O que nós ouvimos são comentários de membros do Executivo, da polícia e não só, a dizer que "da próxima vez, não vamos permitir que isto aconteça”.

Toca exatamente no que acabou de fazer referência, uma previsão de medidas muito mais duras que poderão ser usadas. Para ser mais específico, estamos a falar do uso da força letal.

DW África: Esta intimidação vai conseguir afastar os descontentes das ruas?

FC: Não necessariamente. Não brinque com o povo que está a sofrer, que está a passar fome. Eu não acredito. Aliás, até porque a violência gera violência. Mas, para além disso, estamos a falar de uma sociedade que, na sua grande maioria, está a passar dificuldades muito sérias e a maioria deles são jovens.

Eles olham para isso como quem não têm muito a perder e, por conseguinte, não acredito que poderão cessar. Até porque, já ouvimos comentários de jovens a dizer que não têm medo de morrer e, portanto, vão voltar a sair quando quiserem às ruas.

DW África: Os órgãos e serviços do Sistema de Segurança Nacional tomaram as medidas consideradas adequadas que permitiram a contenção e o estancamento da desordem, diz a Presidência de Angola. Contudo, as imagens arrepiantes de desumanidade perpetrada pela polícia evidenciam justamente o contrário. Como vê a leveza com que o Estado trata as execuções sumárias que todos nós vimos?

FC: É um sistema que está enraizado no sistema comunista, em que as purgas, os assassinatos -apesar de termos uma Constituição que não tem pena de morte e que não se pode justificar a retirada da vida nas circunstâncias em que centenas de angolanos e angolanas foram mortas - mas assim o fizeram. Foi uma violação da Constituição e dos direitos civis. Mas também este regime mostrou que não tem respeito pela vida humana.

DW África: O apelo do Conselho de Segurança à população é de não adesão aos conteúdos veiculados nas redes sociais, que incitam à desobediência, ao ódio e à rebelião. Ver as redes sociais como o vilão não é desviar-se do real problema?

 

FC: Sem sombra de dúvida, é uma narrativa que tem que ser desconstruída.

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