Há umas semanas circulou um vídeo comparativo entre BMW, Audi e NIO (marca chinesa) que passavam sobre lombas. Enquanto a suspensão do BMW e do Audi se revelavam incapazes de absorver esta alteração no pavimento, o NIO deslizava sobre as lombas como se não existissem.
Hoje, acabo de ler que a China desenvolveu o zuchongzhi-3, um processador quântico 1.000.000.000.000.000 de vezes mais rápido que um supercomputador. Em 2019, o processador Sycamore do Google, com 53 qubits, completou uma tarefa computacional complexa em 200 segundos, tarefa que se estimava demorar 10.000 anos em supercomputadores clássicos. Em 2023, pesquisadores da USTC demonstraram que, com algoritmos clássicos avançados e mais de 1.400 GPUs A100, a mesma tarefa poderia ser concluída em apenas 14 segundos. O agora construído Zuchongzhi-3 representa um novo e brutal avanço sobre tudo o que já existe.
Aja Agora
A alavancar esta determinação está, naturalmente, o regime não democrático do país. Enquanto “por aqui” as políticas são pensadas para um prazo máximo de 4 anos – ainda que não tenham de ser assim e muito o lamento – na China pensa-se para um prazo de 50 anos.
Enquanto Trump se foca nas guerras comerciais e a Europa nos regulamentos, a China mantém a sua estratégia de desenvolver a nova rota da seda ao mesmo tempo que cria os cérebros que lhe permitirão dominar o mundo no muito curto prazo.
A China começou a desenhar e implementar a chamada “Nova Rota da Seda” em 2013. A iniciativa foi apresentada pelo presidente Xi Jinping (engenheiro químico) e tem como “objectivo” revitalizar as antigas rotas comerciais da Rota da Seda, ligando a China aos outros continentes por meio de investimentos em infraestrutura terrestre e marítima, abrangendo fortemente sectores como os transportes, energia e telecomunicações.
A nova rota da seda envolve actualmente 154 países, de todos os continentes. Os países mais envolvidos são tipicamente os localizados em regiões estratégicas e/ou que precisam de ajuda para o seu desenvolvimento económico.
De 2013 até hoje, a influência chinesa no mundo atingiu uma proporção que parece pouco relevante para muitos mas que, em minha opinião, denota que a Europa e os Estados Unidos andam distraídos.
São muitos os países africanos com dívidas elevadas à China, que financiou investimentos em infraestruturas como ferrovias e portos mas também energia e recursos naturais. Angola é um bom exemplo — com uma dívida que se estima a ascender aos 15 mil milhões de dólares — mas também Moçambique, Zâmbia, Quénia, Nigéria ou Africa do Sul.
Na América Central, na Nicarágua por exemplo, está a ser construído o futuro Canal da Nicarágua, um paralelismo e alternativa clara ao Canal do Panamá. Estive em El Salvador há pouco tempo e a biblioteca nacional – edifício moderno e central na zona histórica da cidade — tem o patrocínio Chinês.
Na América Latina a presença é igualmente forte e centrada mais uma vez nos transportes (como no Peru) mas também nos recursos naturais e em projectos de energia renovável (como no Chile e Argentina).
Na Ásia, a China tem também liderado projetos de infraestruturas, mais uma vez com grande incidência nos portos e ferrovias. O isolamento de Taiwan é aliás, mais um objectivo. No Sri Lanka, o porto de Hambantota foi construído com financiamento chinês e, devido à incapacidade do país de pagar sua dívida, foi concedida à China a sua exploração durante 99 anos.
Já na Europa, temos a China também em áreas estratégicas como energia (caso de Portugal, Espanha ou Alemanha), portos (como Grécia, Itália, Portugal, Espanha, Bélgica ou Países Baixos) e aeroportos (como França ou Alemanha).
Esqueçam o Trump, o Putin ou a Sra. Von Der Leyen. Em breve, depois de nos convencerem que as cidades de 15 minutos são para nosso bem, que a moeda digital é para nosso conforto e que as vacinas da gripe são para a nossa saúde, quando dermos por isso, estamos todos a aprender mandarim! Se tivermos créditos (sociais) para tal, claro!